Niteroienses fazem protesto contra a construção da torre panorâmica

Karina Fernandes 07/07/2010

Manifestantes se reuniram em frente à prefeitura. Porém, uma boa notícia para as vítimas das chuvas foi anunciada: plano de R$ 110 mi deve ser iniciado nas próximas semanas
Um plano, que vai utilizar cerca de R$ 110 milhões para a contenção de encostas será iniciado nas próximas semanas em Niterói. Segundo a Prefeitura o projeto está sendo trabalhado em conjunto com os governos federal e estadual.
O anúncio foi feito depois de críticas de vítimas das chuvas e de alguns políticos a respeito do projeto de construção da torre panorâmica de Niterói, orçado em R$ 20 milhões, que vai fazer parte do complexo arquitetônico do Caminho Niemeyer. Pela manhã, cerca de 30 pessoas realizaram uma manifestação contra a obra, pedindo que a prefeitura priorize a resolução de problemas causados pelas chuvas na cidade.
O processo licitatório que irá definir a empresa responsável pela construção da torre seria aberto ontem, mas a Prefeitura informou que todo o processo para a execução da torre será feita através do Governo do Estado e frisou que os recursos que estão sendo empregados no projeto não saem dos cofres do município.
A verba para construção da torre serão provenientes de um convênio entre Governo do Estado e Ministério do Turismo. A Prefeitura diz que o papel da Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa) será de acompanhamento técnico do projeto arquitetônico, ou seja, do projeto básico estrutural e de fundações do prédio. Manifestação – O protesto, organizado pelo Comitê de Solidariedade às vítimas das chuvas, aconteceu em frente à sede da Prefeitura de Niterói, na Rua Visconde de Sepetiba, no Centro da cidade. Integrante do comitê, Thiago Melo disse que já foram pedidas várias reuniões com a Prefeitura, mas, até agora, ninguém foi recebido.
“Viemos manifestar que, depois desses três meses (completados ontem), várias comunidades continuam sem assistência. A Prefeitura, mesmo com o déficit habitacional e social que as chuvas trouxeram à tona, mostra uma insensibilidade ao propor a licitação para construir a torre”, declara.
Os manifestantes afirmam que o investimento deveria ser destinado a causas mais urgentes e exigiram que fosse dada assistência às pessoas atingidas pelas chuvas que causaram desabamentos no início de abril. Mesmo depois de 3 meses, ainda há famílias que não receberam o Aluguel Social nem qualquer tipo de ajuda da Prefeitura.
Este é o caso da operadora de caixa Valéria Rodrigues, de 30 anos. Ela perdeu dois filhos, um de 10 anos e uma de 4, nos deslizamentos da comunidade onde morava, em Santa Bárbara. Sem receber o benefício, ela está morando na casa de parentes.
“A construção desta torre é uma falta de respeito com as vítimas. Estamos sem assistência enquanto se preocupam com isso”, diz.
O presidente da associação de moradores da comunidade 340, Ubiracy Cerqueira, vai entrar com processo contra a Prefeitura na Defensoria Pública. De acordo com ele, será cobrada a reconstrução da comunidade, pois ainda há ruas cobertas de entulho. Na região houve 14 mortes.“A comunidade está do mesmo jeito desde o dia da tragédia. Queremos o início das obras e não a construção da torre”, revolta-se.
A Torre – Conforme o planejamento inicial, a nova estrutura deve ser erguida entre o Teatro Popular e o Memorial Roberto Silveira, no Centro. A verba de R$ 19 milhões para a construção já teria sido liberada pelo Governo Federal desde o ano passado. O projeto da torre prevê a construção de uma estrutura de 60 metros de altura, que vai abrigar um restaurante e um mirante com vista ampla para a Baía de Guanabara e o Centro do Rio de Janeiro.


Comentários Esta matéria possui 12 comentário(s)
Denilson Marcolino - 07/07/2010 - 13:34

Torre panorâmica! Por que não decreta estado de calamidade publica os bairros atingidos pelas chuvas de abril, pois perdi todo, minha casa meus moveis, dinheiro, documentos, diplomas etc. Estou precisando desta ato seja publicado em diario oficio para receber R$ 4.650,00 do FGTS que è meu e não de munhum orgão que se diz publico.
Visitante - 07/07/2010 - 14:45

Concordo que R$ 20 milhões de reais seriam bem úteis na organização do transito em Niterói, ou da contenção de várias encostas. Agora, essas pessoas invadem terrenos, constraem irregularmente, e depois que tudo vem abaixo, querem que a prefeitura pague a eles ?
Leo - 07/07/2010 - 13:06

Os projetos habitacionais já estão em andamento. Esta torre já está com verba autorizada, se não for feita o dinheiro será perdido, pois dificilmente será revertido para outros projetos em niteroi. Temos que cobrar soluções da prefeitura, mas não podemos impedir que sejam feitas melhorias na cidade. Ex: O Museu do Cinema até hoje não foi concluído, isso é uma vergonha, pois o dinheiro foi liberado e mau gasto.
Leo
Érica - 07/07/2010 - 13:31

Não se vê projetos de recuperação em Niterói, os locais de desabamento continuam com todo o entulho e as obras são extremamente lentas. A prefeitura tem que dar condições para as pessoas levarem a vida adiante, o quanto antes! Isso é urgência!!!
Olegario Silva - 07/07/2010 - 15:03

Mais uma parceria MUNICIPAL, ESTADUAL, FEDERAL para fraudar o erário público.No fim das contas quem paga a conta somos nós, contribuintes e munícipes.Além do mais existem muito mais coisas em Niterói para serem resolvidas com urgência do que a tôrre de 60m.
Sergio Nunes - 08/07/2010 - 11:32

Vergonha total! Tenho vergonha de ser niteroiense, enquando existe milhares desabrigados, sem escola, sem casas, sem comida. Vem essa cambada querer construir torre. Pra que? está se perguntando? Para colocar um dinheiro no bolso e falar que foi enquanto estava a frente que houve essa construção. Já fizeram o MAC, que é nossa imagem. Acho que esses politicos precisam é de um pouco de caráter.
Silmara - 07/07/2010 - 16:45

Será que Niterói é a Cidade Sorriso de palhaço ?O caminho Oscar Niemayer, esta jogado às traças, ninguém aguenta o mau cheiro e o perigo devido a total falta de segurança e ainda querem erguer uma torre???A inversão de prioridades do prefeito é absurda.
Ana Lucia - 08/07/2010 - 12:54

Realmente é uma falta de respeito com a população, os nossos governantes se tivessem um pouco de consideração com os eleitores,batalhariam para que esse verba fosse tranferida para coisas de mais necessidades. Mostre serviço seus incompetentes, lute pelo povo e não esqueçam, somos nos que garantimos os seus empregos.
Visitante - 07/07/2010 - 23:43

Um absurdo, com tanto problema na cidade!!!!! Buracos por todas ruas.....impostos altissimos.....esgoto a céu aberto....encostas caindo.....pessoas "sonhando" (porque não vai passar de sonho) com suas casas prometidas pelo governo....transito caótico.........insegurança........será que os governantes não se envergonham de mostrar sua cidade?E ainda pensam em colocar mais dinheiro em uma obra que nunca vai terminar??? Governantes o dinheiro não é de voces e sim do suor do povo!!!!!!
Leandro Santos - 08/07/2010 - 08:21

Isso é um absurdo. Moro em São Gonçalo e compartilho do mesmo problema citado pelo Denilson Marcolino. Estamos a mais de três meses na espera desse milagre, que á a liberação do FGTS para as vitimas das chuvas. Já entrei em contato com o Ministério da Integração e eles já fizeram a parte deles. Já declararam o estado de calamidade, mas a nossa Prefeitura, ainda não enviou as documentações necessárias a CEF, para que o saque seja liberado. Até quando vamos esperar ?
arqpita - 08/07/2010 - 10:44

Uma torre panorâmica com restaurante de luxo para poucos turistas? 60 milhões? O próprio prefeito disse, em abril, que 70% da cidade se localiza em área de risco e mesmo assim não tomou nenhuma medida preventiva até agora!! Se Jorge Roberto e seus secretários fossem meus funcionários, estavam todos demitidos!! Incompetentes e inoperantes!
Jô Turqueza - 08/07/2010 - 11:16

Olha o bom senso !!!!!!! A ética !!!!!!!!!!Torre para olhar para o Rio? AhahahahahahhaahAcorda pessoal !!!!!!!!!!
Manifestantes reclamam da construção de torre panorâmica e afirmam que o investimento deveria ser destinado a causas mais urgentes. Foto: Nathália Félix
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